As lágrimas e os tubarões assinalados...
Ritual de iniciação não com a cabeça mas com as vísceras.
É assim que se conhece.
Resisti durante muito tempo
Ideias fixas que esqueci,
Cancros que me fumaram
E fui induzida a pensar que o meu tempo seria curto.
Condenei por isso a minha memória ao silêncio.
Condenei-a para sempre.
Mas o sempre nunca chegou...
Aconteceu sem que me tivesse encontrado.
Convicções? Nenhuma.
Aconteceu sem que nunca me tivesse visto.
Palavras? Para quê?
“As palavras fazem o amor” e esse é um lugar estranho.
Sou o meu segredo de todos os dias.
A minha boca... Um túmulo de laje partida.
Foi numa noite que já não recordo.
Lágrimas que sequei à manga da camisa,
Tubarões que assinalei para abate.
Falta-me a pontaria e um arpão afiado.
Foi numa noite de vândalos que ela se partiu.
Noite de folga do guardião do prado talvez.
Moral da história? Já não há moral.